Dirigido por Cary Joji Fukunaga, estrelado por Daniel Craig, Léa Seydoux, Rami Malek, Lashana Lynch, Ralph Fiennes, Jeffrey Wright e grande elenco, "007 - Sem Tempo para Morrer" é o fatídico quinto e último filme da era Craig. E o que isso realmente quer dizer? Bem, vamos descobrir...
Imagens deslumbrantes, competentes cenas de ação, figurino marcante, sedução e romance na medida certa, locações em diversas partes do mundo, vilões com estranhas características físicas e um certo desequilíbrio psicológico, belas mulheres, agentes secretos que todos sabem o nome - e como se vestem, suas bebidas favoritas, mas, principalmente, como é seu rosto. Essas palavras descrevem qualquer filme da franquia 007 e aqui não é diferente. Porém, por se tratar do capítulo final - um epílogo, talvez? -, espera-se um pouco mais de esmero e dedicação dos envolvidos. E não foi exatamente o que encontramos em "007 - Sem Tempo para Morrer".
Na trama, após os acontecimentos de "007 contra Spectre", Bond (Craig) não faz mais parte do serviço de agente secreto, vive com Madeleine (Seydoux) viajando o mundo quando acaba sofrendo um atentado da organização terrorista Spectre na Itália (e que pode ou não ter envolvimento de sua amada). Após o ocorrido, Bond vive recluso, desfrutando de uma vida tranquila na Jamaica - o que não dura muito quando seu velho amigo Felix Leiter (Wright), da CIA, aparece pedindo ajuda numa missão para resgatar um cientista sequestrado acaba sendo muito mais traiçoeira do que o esperado, levando Bond à trilha de um misterioso vilão - que tem uma inesperada ligação com o passado de Madeleine e a Spectre - armado com uma nova e muito perigosa tecnologia.
A começar pelas ideias da trama que tiveram de ser reestruturadas com a entrada de Waller-Bridge à turma do roteiro, provavelmente para incluir situações com mais humor - uma cena bem específica de Bond interrogando Blofeld (Waltz) parece ter sido pensada exatamente para arrancar risadas do público (Por quê? Sei lá!) - e mais representatividade e diversidade. Infelizmente, todas essas ideias vêm por água abaixo quando vemos que um importante personagem afrodescendente é o primeiro a morrer (então...), que Nomi (Lynch), a nova 007 (uma mulher afrodescendente, vale lembrar), é apenas uma agente muito boa no que faz, que exibe uma boa perícia em cenas de lutas bem coreografadas , mas sem personalidade marcante e sua importância na trama está atrelada apenas em ajudar o protagonista (pois é) e que vemos uma antítese de Bond girl personificada na irrelevante personagem de Ana de Armas (também não entendi) só para mostrar que existem agentes secretas novatas que participam de missões...
Os aspectos técnicos são bem acima da média para os filmes da franquia, rivalizando, talvez, com "Operação Skyfall". A direção de fotografia comandada por Linus Sandgren (de "Trapaça" e "La La Land") traz a necessária energia cinética às cenas de ação mas também evoca a composição necessária em momentos de reflexão de alguns personagens. O figurino elaborado por Suttirat Anne Larlarb (da série "Deuses Americanos" e da vindoura "Obi-Wan Kenobi") interliga uma interessante conversa entre o clássico e o moderno. A direção de arte capitaneada por Mark Harris (de "007 - Operação Skyfall" e "007 contra Spectre") mantém a unidade com os filmes anteriores, unindo barroco e art déco com parcimônia em cenários, peças e maquinários. Em vários sentidos, "007 - Sem Tempo para Morrer" é um filme lindo de se ver. Já a trilha sonora composta pelo veterano Hans Zimmer é correta e eficaz mas não tem nada de marcante.
"007 - Sem Tempo para Morrer" é um filme "cansado". Um monte de situações preguiçosas de roteiro que apenas cumprem tabela em vez de encerrar epicamente uma saga tão cultuada. Só a decisão por aquele final ao protagonista - quando havia uma óbvia alternativa ao personagem - já emite o recado que foi dado há alguns anos: se Craig voltasse, seria para um último filme. Mesmo. Sem discussão ou finais abertos. O que acabou resultando num filme morno, o famoso "dá pra ver", mas não empolga como deveria. E com um vilão de objetivos próximos do risível. Pra fazer isso, por que se dar ao trabalho?
Como sempre dizemos, "a expectativa é a mãe da decepção". Baixe a sua, assista mas não espere muito e, talvez, possa se surpreender. Vale a ida ao cinema? Talvez, sim - tem lá seus momentos. Mas não será uma ida memorável. Pena.
Kal J. Moon está cansado de ver finais indignos de suas franquias favoritas. Que lástima...
Neste link, deixamos uma sugestão de compra geek, mas você pode nos ajudar fazendo uma busca através deste link, e deste modo poderemos continuar informando sobre o Universo Nerd sem clickbaits, com fontes confiáveis e mantendo nosso poder nerd maior que 8.000. Afinal, como você, nós do portal Poltrona POP já éramos nerds antes disso ser legal!