Baseado no gibi criado por Brian Michael Bendis, desenvolvido para TV por Ava Duvernay, estrelado por Kaci Walfall e grande elenco, o seriado "Naomi" introduz uma nova super-heroína num universo onde não existem super-seres. Quer dizer, mais ou menos... 


Enguiço
Brian Michael Bendis é considerado um dos maiores roteiristas de histórias em quadrinhos do século 20. ele trabalhou durante muitos anos colaborando em títulos diversos da Marvel Comics como Demolidor, Vingadores, Homem-Aranha do universo Ultimate e, claro, cocriou Miles Morales (sim, o Homem-Aranha afro-americano daquele bacana longa-metragem animado do Aranhaverso). Depois de muito tempo na Casa das Ideias, resolveu mudar de empresa e foi contratado com exclusividade para escrever na DC Comics (ou na Distinta Concorrência, se preferir), criando novas histórias para o Superman, Legião dos Super-Heróis e Naomi, uma nova super-heroína que exploraria o universo DC sob uma nova ótica de adolescente. Nenhum dos títulos em que trabalhou na DC foram tão bem recebidos e elogiados como o que Bendis fez na Marvel mas Naomi mal estreou e recebeu sinal verde para que fosse criado um seriado baseado em suas aventuras. E aqui estamos, dois anos depois de sua estreia nos quadrinhos, assistindo os dois primeiros episódios.

Na trama, a jovem Naomi McDuffie (Kaci Walfall) tem 16 anos de idade e mora na pequena e pacata cidade de Port Oswego com seus pais adotivos. Leva uma vida normal, dedicando-se aos estudos e possui o terceiro maior site sobre o Superman - o primeiro é do Brasil (e posso até imaginar qual seja) -, de quem é a maior fã (mas o personagem pois estranhamente não se sabe se ele existe "de verdade"), além de ter uma turma de amigos (e TRÊS pretensos interesses românticos!) com quem se diverte a valer. Até o dia em que o próprio Homem de Aço aparece rapidamente na cidade, enfrentando um super-vilão, deixando um pequeno rastro de destruição. Naomi fica sabendo e corre para o local mas desmaia após sentir-se estranhamente mal. Depois de se recuperar, ela procura informações do confronto com os moradores da cidade e as informações são bem desencontradas. Daí, claro, ela resolve investigar por conta própria com a ajuda dos amigos e acaba descobrindo que, talvez, só talvez, nem o Superman e nem ela própria seja desse planeta. Mas tem mais gente que talvez não seja exatamente o que diz ser...

Só pela premissa acima já dá pra perceber o clima meio "Roswell" - um seriado adolescente que foi ao ar de 1999 a 2002, inclusive no Brasil - misturado com um pouco do clássico filme "Corpo Fechado" (escrito e dirigido por M. Night Shyamalan em 2000), além de diversos elementos da já manjada jornada do herói. A parte ruim disso é que mesmo que os elementos do gibi original não fossem necessariamente lá muito insólitos, pelo menos eram melhores do que o que é apresentado nos dois primeiros episódios do seriado. Isso porque nos quadrinhos os super-heróis existem, só nunca tinham aparecido naquela cidade pequena. E para o seriado, Ava Duvernay disse que evitaria ao máximo aparições de outros personagens da DC Comics, com a desculpa de que estaria desenvolvendo o "Naomi-verso" ao longo dos 13 episódios da primeira temporada.

Ainda não se sabe o que levou a essa decisão, o que não faz o menor sentido em termos narrativos, uma vez que as séries do canal CW são conhecidos pelos crossovers entre os personagens da DC desde "Smallville", o embrião para a ideia do "Arrowverso"... Mas provavelmente foi contenção de gastos e, possivelmente, maior controle criativo sem precisar se adequar às linhas narrativas dos outros seriados.

Mesmo como diversão adolescente e descompromissada, o seriado falha miseravelmente por não ter personagens cativantes o suficiente para que o espectador ature uma trama genérica até o osso. A fórmula Scooby-Doo de juntar uma turma de jovens amigos investigando mistérios com a desculpa que de nada acontece, feijoada, na cidade só funciona se os personagens forem tão interessantes quanto a jornada. E, pelo menos nos dois primeiros episódios, ambos são um belo sonífero em movimento...




Kal J. Moon gostaria de ter nascido em cidade pequena para ter TRÊS interesses românticos ao mesmo tempo aos 16 anos de idade...


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