O último episódio da primeira temporada do seriado "Pacificador" responde algumas (óbvias) perguntas mas lança ainda mais dúvidas sobre o futuro do universo cinematográfico da DC Comics. Belo trabalho, James Gunn... (ironia mode on)
Embora o mínimo padrão séries iniciantes da HBO Max seja de dez episódios, misteriosamente "Pacificador" encerra sua primeira temporada após oito capítulos. Com isso, vale ressaltar que talvez chamar de seriado seja realmente um erro por conta da estrutura ser de minissérie, o que faria todo sentido.
A impressão que dá é que, apesar de toda a liberdade que Gunn afirma ter recebido da Warner Bros sobre quais personagens usar desde o começo, é que o seriado precisou mudar de formato e, com isso, recebeu menos investimento que o esperado. Dessa forma, tivemos quatro episódios de "introdução", muito baseado em diálogos fúteis e pouca informação que levava a trama adiante - a famosa "barriga" - com a desculpa de estar desenvolvendo personagens. Provavelmente não cortaram mais episódios por conta de contrato com elenco e outros detalhes jurídicos...
Na trama do último episódio, após resolver de uma vez por todas os problemas com seu pai (e também super-vilão racista Dragão Branco), Pacificador precisa contar com o apoio e estratégia de sua equipe de idiotas para invadir o celeiro onde está o ser alienígena que fornece alimento para uma outra raça alienígena, matá-lo e impedir que um pequeno exército alienígena consiga meios para concretizar sua invasão ao planeta Terra.
Alguns acontecimentos do último episódio servem basicamente para chamar o espectador mais atento de idiota - não aquele que incrivelmente está gostando do seriado mas aquele que está prestando atenção aos detalhes para entender onde essa jornada pretende chegar. É personagem que quebra a perna e tem fratura exposta mas consegue se arrastar por metros a fim de ajudar a equipe, ou personagem que tem maestria em tiro e batalha corpo a corpo sem ter se protegido com colete anti-balas, ou ainda personagem atrapalhada que vira badass de uma hora para outra, sem contar com o plot twist que desmente o plot twist pré-estabelecido - cheio de viés político, antenado com o que está acontecendo com o mundo de hoje na vida real, bem próximo do discurso do recente filme "Não Olhe para Cima".
Essa narrativa toda torta só escancara a verdade que ninguém quer admitir: James Gunn sem cabresto firme produz filmes e séries medíocres - com alguns lampejos de boas ideias, é verdade, mas que precisariam de um desenvolvimento melhor para que possa ser apreciado. Ou, resumindo, o que se desconfiou desde o primeiro episódio: que o seriado - ou minissérie, que seja - poderia facilmente ser editada e teríamos um filme de três horas mais enxuto e, provavelmente, mais bem aceito. Pelo menos, soaria melhor que esse texto com qualidade de fanfic adolescente ou aqueles gibis encadernados de capa dura que você se arrepende de ter comprado quando acaba a leitura...
Após a resolução dos problemas (que estão sendo adiados há pelo menos três capítulos), temos não um ponto final mas reticências, indicando que veremos esses personagens num futuro próximo, seja em filme ou uma nova minissérie.
São pequenos momentos como esses que poderiam ter sido mais utilizados e elaborados desde o início em vez de investir na comédia rasteira ao melhor estilo dos antigos programas humorísticos da TV aberta de sábado à noite (que, vejam só, nem existem mais) por muitos episódios a fio. Nem mesmo as breves participações especiais desse último episódio (Viola Davis, como esperado, retorna numa rápida cena como Amanda Waller, num momento que complica ainda mais o futuro do Esquadrão Suicida no cinema - além de dois atores da franquia cinematográfica da DC Comics) tiram o gosto amargo e a sensação de que tudo poderia ser melhor se fosse menos extenso e com um pouco mais de equilíbrio entre humor e drama.
Conselho de amigo: caso queria assistir, faça uma maratona e veja todos os episódios de uma vez. Funcionará como um filme de mais ou menos umas oito horas de duração (ou o equivalente a dois Snyder Cut, se preferir). A primeira metade será um tanto cansativa e repetitiva. A segunda metade aborda, ainda que superficialmente, temas importantes. E vale pelos efeitos especiais bem impressionantes, como no caso das criaturas alienígenas e a águia-mascote Eagly. No frigir dos ovos, é o famoso "dá pra ver", se não exigir muito. E talvez seja esse o real problema...
Kal J. Moon está aliviado por ter acabado o sacrifício semanal de assistir esse seriado e... O quê?! Foi renovado para uma segunda temporada?! Essa não...
Neste link, deixamos uma sugestão de compra geek, mas você pode nos ajudar fazendo uma busca através deste link, e deste modo poderemos continuar informando sobre o Universo Nerd sem clickbaits, com fontes confiáveis e mantendo nosso poder nerd maior que 8.000. Afinal, como você, nós do portal Poltrona POP já éramos nerds antes disso ser legal!