Última atração da Marvel Studios de 2023, a segunda temporada da animação What If... traz muitas referências à filmes de Hollywood (e até mesmo animes) em episódios que variam em qualidade. Segue uma crítica individual de cada um deles e, ao final, uma conclusão com um veredito derradeiro.

Episódio 1: O que aconteceria se… Nebulosa se juntasse à Tropa Nova?

Conspiração, traição e redenção é o que nos traz este primeiro episódio da segunda temporada de What If...? 


História manjada, porém com ótimos diálogos. Uma das cenas lembra bastante, de modo positivo, uma das passagens clássicas do filme O Silêncio dos Inocentes. O design de produção é uma mescla visual de Blade Runner e Ghost in the Shell, o anime de 1996. Nebulosa foi a melhor escolha para o papel de uma agente da Nova Corps, por seu temperamento e pragmatismo.


Episódio 2: O que aconteceria se… Peter Quill atacasse os Heróis Mais Poderosos da Terra?

O segundo episódio apresenta uma formação exótica dos Vingadores que está envolvida em um problema inusitado. Peter Quill (o Senhor das Estrelas) ainda criança e seu pai, Ego, ameaçam a Terra após terem destruído outros Reinos do Universo Marvel, como Asgard e Jotunheim.


A trama é boboca, com piadas sem graça e uma jovem Hope Van Dyne insuportável A garota chega ao extremo de dar lição de moral nos Maiores Heróis da Terra do título. Inconsistente e confuso.

Um dos piores da série.



Episódio 3: O que aconteceria se… Happy Hogan salvasse o Natal?

A fotografia apostou em muitos close-ups o que me incomodou, não pelo recurso - bem-vindo em uma trama natalina e com o roteiro novelístico do episódio -, mas pela animação das personagens, cujos rostos se expressavam de modo que beira o vale da estranheza.


Gosto da interação entre Happy Hogan (Jon Favreau) e Darcy Lewis (Kat Dennings). O retorno de Sam Rockwell, como Justin Hammer foi um dos pontos altos, não só pela personagem que é muito boa, apesar de mal aproveitada pelo MCU, mas também pelo ator, um dos meus preferidos, desde que o assisti em Heróis Fora de Órbita (Galaxy Quest), de 1999.

Com referências à outros filmes natalinos, Duro de Matar (1988) e O Último Grande Herói (1993), O que Aconteceria Se... Happy Hogan Salvasse o Natal pode ser divertido até mesmo para quem não é familiarizado com o cânone do MCU.




Episódio 4: O que aconteceria se… O Homem de Ferro colidisse com o Grão-Mestre?

Em um universo alternativo no qual o Homem de Ferro não retorna à Terra após derrotar os Chitauri ao final de Os Vingadores (2012), Tony Stark acaba inda parar em Sakaar, planeta apresentado em Thor: Ragnarok (2017) e, como indica o título do episódio, se encontra com o Grão-Mestre.


O roteiro é raso e repleto de anedotas desnecessárias. Não fossem as excelentes sequências de corrida, que remetem ao injustiçado filme Speed Racer das Irmãs Wachowsky, seria péssimo. Vou dar meia poltrona em reconhecimento ao esforço da equipe de animação.


À partir do quinto episódio desta temporada, as tramas começam a se conectar de maneira a tentar manter o espectador interessado na série, após tanta  irregularidade na qualidade dos roteiros. Porém, apesar de usar o recurso de gancho narrativo, tal irregularidade se manteve.


Episódio 5: O que aconteceria se... a Capitã Carter lutasse contra o Esmagador da Hidra?

No início do episódio temos uma releitura da clássica cena da Batalha de Nova Iorque de Os Vingadores, o filme de 2012. Porém, com grande destaque para a Viúva Negra e a heroína do título, Capitã Carter.


Em seguida temos uma versão alternativa com A maiúsculo de Capitão América 2: O Soldado Invernal, de 2014, com ótimos diálogos , animação excelente e uma trama envolvente. Tudo muito bem aproveitado. Até as piadas funcionam. Mesmo aquela que envolve o Pé Grande. O design do uniforme de Carter neste episódio está simplesmente incrível.

Se todos os episódios desta temporada fossem como este a série seria um primor.



Episódio 6: O que aconteceria se... Kahhori remodelasse o mundo?


Este talvez tenha sido um dos episódios que mais esperei na temporada, pois apresenta uma nova personagem, exclusiva da série, o que é uma inovação. Kahhori foi criada por Ryan Little que alegou ter passado quatro anos escrevendo a história da heroína (guarde essa informação).

A decepção é que o episódio lembra tanto Avatar, de James Cameron, que por diversos momentos tive vontade de desistir do mesmo. Especialmente pelo fato de Avatar ser, na prática (sejamos sinceros) uma cópia de Pocahontas e Kahhori, por ser indígena, é visualmente uma versão marvete da Princesa Disney.Além disso, somos apresentados à um dos personagens mais bobocas de todo o MCUAtahraks. Dispensável, fraco e, como não tem participação efetiva na história, não pode ser considerado, sequer, um sidekick da super-heroína.

Outro problema é o vilão que não passa de um arquétipo do colonizador malvado sem qualquer poder especial para além de sua própria ambição. O script seria muito beneficiado se a ameaça da trama fosse não fosse tão "inofensiva" ao ter de lidar com os poderes "mágicos" adquiridos por Kahhori e sua tribo. A falta de balanço no poder dos heróis Marvel no MCU me desagrada há tempos. Aliás, o que fizeram em Invasão Secreta foi o cúmulo, mas esta é outra série, cuja minha crítica você pode ler neste link.

A trama é genérica e, além do fato de ser 90% falado em língua nativo-americana - cujas legendas estavam dessincronizadas na maior parte do tempo -, o sexto episódio de What If... nada tem de atrativo na história.  Funcionaria como uma história de origem se fosse mais original, com perdão ao trocadilho, mas originalidade aqui passou longe. Estou sendo tão exigente porque esperava mais de um roteiro que foi desenvolvido por quatro anos e que tem, possivelmente, pouco mais que 20 laudas. 

Uma pena que a aventura de Kahhori tenha tudo que eu acho que estraga o MCU: Tramas de origem genéricas, piadas sem graça e falta de balanço de poder.



Episódio 7: O que aconteceria se... Hela encontrasse os Dez Anéis?


Começa interessante como uma nova versão do primeiro filme do Thor, de 2011, mas termina da forma mais piegas possível, com direito a discurso de coach quântico e tudo mais.

Veja bem, eu adoro a Hela, amo a lore (não o filme) de Shang-Chi, portanto este episódio tinha tudo para me ganhar, mas o que assisti foi tão, tão ruim, que prefiro esquecer que esta realidade alternativa do Universo Marvel existe.


Episódio 8: O que aconteceria se... os Vingadores se reunissem em 1602?


Com um monólogo explicativo desnecessário, o Vigia começa o episódio nos contando tudo que assistimos no episódio 5, na insistente e descarada mania de fazer pouco da memória do espectador.

O episódio é protagonizado por Peggy Carter, a melhor personagem de toda a série, e, pra variar um pouco, traz referências de livros clássicos, como O Visconde de Bragelonne, de Alexandre Dumas e contos da tradição folclórica inglesa, como Robin Hood, no lugar de mais auto-homenagens e citações POP.

Traz muita ação em cenas impagáveis, como a luta entre o Hulk e o Happy "Hulk" Hogan, e diversas sequências dinâmicas da nossa heroína brutalmente feminina, Capitã Carter, o que sempre é um deleite. Termina com um mega-cliffhanger.


Episódio 9: O que aconteceria se… Estranho Supremo interviesse?

O último episódio da temporada começa com a vinheta da Marvel Studios em versão animada, acompanhada da característica fanfarra que nos propõe imersão ao Universo Marvete.

A história continua do ponto onde terminou no oitavo episódio, como já era esperado. Nada inesperada também é a participação de uma certa nova personagem original da temporada. Em conjunto com a Capitã Carter, Kahhori finalmente enfrenta um inimigo equivalente, após a lastimável batalha contra um bando de corsários paupérrimos em sua "aventura solo de origem".


O final é épico, apesar de ser uma mistureba danada, com a participação de personagens de quase todos os episódios da série (da série, não apenas da temporada). Sugiro que assista com atenção, pois os acontecimentos são mostrados de forma confusa.

Confesso que Kahhori está mais palatável nesta aventura, apesar de ainda ser deveras poderosa para uma personagem recém-inserida no MCU. Só falta o pessoal do character-design deixar a preguiça de lado e definir um uniforme bacana pra moça. O visual Pocahontas não rola. A cultura Moicana, na qual a personagem é baseada, oferece muitas possibilidades.

A jornada árdua e triste de Carter é tocante, sendo o único momento realmente emocionante da temporada. 




CONCLUSÃO

Uma antologia auto laudatória, a segunda temporada de What If... decepciona demais por ter episódios fracos, com diálogos superficiais e uma tentativa patética de tentar prender o espectador até o capítulo derradeiro. O excesso de referências ao próprio MCU atrapalha, parecendo mais uma coisa feia se elogiando defronte ao espelho. Temos também muitas homenagens à outras produções e apenas funcionam aquelas que são feitas de forma visual, já que piadas baseadas em elementos da cultura pop , após 20 anos de exploração em filmes e outras séries de TV, soam ultrapassadas. Infelizmente, a nova temporada é, na média, bem ruim.




O que aconteceria se... Marlo George não sofresse tanto pra escrever esta crítica?

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