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CRÍTICA [STREAMING] | "Invasão Secreta", por Marlo George

Nova minissérie da Marvel Studios termina colocando novas peças no tabuleiro da próxima fase da franquia

Não fosse pela repercussão causada pelo uso de inteligência artificial na animação apresentada na abertura de Invasão Secreta, talvez esta nova minissérie da Marvel Studios tivesse passado despercebida pelo público que está fora da bolha dos filmes e séries de super-heróis.

Não houve hype, não houve discussão ou qualquer outro tipo de movimento grande, especialmente nas redes sociais, em torno da produção. Tudo ficou muito restrito aos fãs mais hardcore da Casa das Ideias. Nem mesmo o fato de termos uma atração protagonizada por Samuel L. Jackson foi suficiente para furar a bolha.


Isso é uma pena, porque acredito que Invasão Secreta seja um produto perfeito para apresentar o Universo Cinematográfico Marvel (também conhecido como Marvel Cinematic Universe, ou MCU) para um público adulto que não foi absorvido pelo sucesso dos filmes e séries anteriores, com seus super-heróis fantasiados e aventuras extravagantes. Na minissérie, temos um sujeito sisudo, encapuzado, tendo de lidar com alienígenas transmorfos que invadiram a Terra. Aliens estes, aliás, com os quais ele tem problemas pessoais. 

Com um primeiro episódio que apresenta as personagens e seu universo de forma autônoma, sem qualquer necessidade de se ter assistido qualquer outro filme ou série para compreender tudo que está sendo exibido, Invasão Secreta é um prato cheio para agradar pessoas resistentes à Marvel Studios, seja por não gostar de "filmes e séries de super-heróis", seja por achar que é preciso assistir horas e horas de conteúdo anterior para poder curtir a minissérie.

Se esta característica da série tivesse sido propagandeada pela Disney+ e alardeada pelos fãs, quiçá esta fatia do público tivesse sido conquistada. Ocorre que, além da clara falha no marketing da atração, a falta de interesse do próprio público cativo da Marvel atrapalhou na propagação da série.

Invasão Secreta é baseada em um arco das histórias em quadrinhos da Marvel Comics, porém, a minissérie de streaming só tomou emprestado o título da saga marvete, pois em quase nada se parece com o que temos nas HQs. Mais fundamentada em eventos reais, a trama de Invasão Secreta sequestra temas interessantes do noticiário político internacional atual, tais como a vulnerabilidade de jovens à aderir causas e ideologias radicais, o fracasso eleitoral de líderes que se valem de medidas autoritárias e o perigo da desinformação. A Marvel Studios larga a mão do fantástico à favor de uma história mais realista, acertando muito nos primeiros episódios da minissérie, e só fracassa ao final da jornada, quando nos apresenta uma conclusão absurda e cheia de inconsistências internas.

Nos dois últimos episódios, de um total de seis, Kyle Bradstreet e sua equipe de roteiristas decidiu inserir novas peças ultrapoderosas no tabuleiro da franquia. Figuras e itens tão absurdos que podem por em cheque o balanceamento de poder no MCU

Estaríamos diante de novos e dispensáveis elefantes brancos, como aqueles de Eternos, na Marvel Studios? Não sei como as próximas produções da Casa das Ideias irá (ou não) lidar com elas. Só o tempo dirá.


Outro ponto que me incomodou bastante foram as atuações. Samuel L. Jackson e Olivia Colman, Nick Fury e Sonya Falsworth, respectivamente, estão atuando no automático. Algo, aliás, que já vem ocorrendo, há algum tempo, em relação à estas duas estrelas de Hollywood. Jackson, acredito, já está um pouco cansado do papel e não há entrega em sua performance, enquanto Colman, que tem pouco tempo de tela, parece desinteressada.

O destaque fica para Emilia Clarke, como G'iah e Kingsley Ben-Adir, intérprete de Gravik. A atriz, mais conhecida por Game of Thrones, brilha ao interpretar a apática e assustada skrull, mostrando versatilidade após trabalhos ruins, como Como Eu Era Antes de Você (2016) e Han Solo: Uma História Star Wars (2018). Já Ben-Adir é um astro em ascensão, estando atualmente em cartaz com Barbie e estrelando o vindouro Bob Marley: One Love. É um bom ator que tem tudo para crescer e cavar um lugar no disputado panteão hollywoodiano. A última cena dele com Jackson é um primor.

A trilha sonora é de Kris Bowers, de Green Book: O Guia (2018) e King Richard: Criando Campeãs (2021), e traz temas interessantes que adicionam tensão às cenas. O tema da abertura é sensacional.

Invasão Secreta nos brinda ainda com cenas belas e fotografia impecável de Remi Adefarasin, veterano da indústria que já trabalhou em filmes belíssimos como Elizabeth (1998) e Evereste (2015). O diretor de arte de A Origem, clássico do diretor Christopher Nolan de 2010, Frank Walsh assina o design de produção, apresentando o "mundo real da Marvel" de forma convincente, tal qual Peter Wenham em .Capitão América 2 - O Soldado Invernal (2014).

Bom entretenimento, Invasão Secreta pode acabar sendo uma minissérie descartável, caso o MCU decida jogar fora tudo que foi estabelecido nesta atração para o futuro da franquia. Se tudo for mantido, os roteiristas e showrunners das próximas atrações Marvel terão um trabalho hercúleo para fechar todas as pontas e aproveitar todas as possibilidades. Boa sorte pra eles.



Marlo George assistiu, escreveu e é um skrull infiltrado no Poltrona POP

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