Novamente dirigido por Christopher McQuarrie, estrelado pelo ~"salvador do cinemaTom Cruise, ao lado de nomes como Simon Pegg, Ving Rhames, Hayley Atwell, Rebecca Ferguson, Pom Klementieff, Vanessa Kirby, Cary Elwes, dentre outros, "Missão: Impossível - Acerto de Contas (Parte Um)" é o sétimo filme da bem sucedida franquia de ação e espionagem que, de fato, conseguiu atualizar tudo o que um certo agente inglês que veio da literatura deveria fazer há décadas (porém, com algo a mais)...


Tom Cruise e o dia em que seremos todos inúteis
Não é de hoje que a franquia "Missão: Impossível" repete sua própria fórmula - livremente adaptando a premissa da série de TV criada por Bruce Geller e companhia em 1966 -, ainda que seguindo de perto o que o agente multimídia James Bond fazia mas adicionando o conceito de trabalho em equipe, gerando aquela deliciosa mentira descarada de quando em vez. E em "Missão: Impossível - Acerto de Contas (Parte Um)" não poderia ser diferente. Ou melhor: não só poderia como o é, pelo menos nas entrelinhas...

Na trama, o agente Ethan Hunt recebe sua missão para impedir que o acesso a uma poderosa tecnologia de inteligência artificial caia em mãos erradas. Além disso, tem de enfrentar um antigo inimigo e, para tal, precisa se unir a improváveis aliados...


A realização desse sétimo filme da franquia deixa claro que Cruise, enquanto realizador, busca escalonar cada vez mais o que pode ser considerado "impossível" em matéria de produção de filmes. Nosso herói tem que resolver problemas em pouco tempo para que o mundo seja salvo. E para ser bem sucedido em sua missão, precisa fazer o "impossível" - não importa se for se pendurar em avião (em movimento), saltar de uma pedreira para pousar num trem (em movimento) ou escalar um trem (em movimento) enquanto ele está dependurado num precipício. 

OK, essa é a premissa de todos os filmes dessa longeva franquia - o bom e velho "McGuffin" em ação - mas, especificamente em "Missão: Impossível - Acerto de Contas (Parte Um)", o roteiro escrito por Erik Jendresen (com auxílio do próprio McQuarrie) aponta para o que poderia ser uma espécie de "recado silencioso" sobre uma provável "revolução trabalhista" - além de um gritante aviso sobre os perigos do uso da inteligência artificial. 


Veja bem: Hunt é um trabalhador que sempre recebe suas ordens de seu empregador e o que precisa executar é algo que ninguém além dele e sua equipe consegue realizar - mas, se falhar, o empregador não "assumirá o B.O.", fazendo com que o trabalhador precise se esforçar além do minimamente necessário para concluir o serviço. Porém, nessa trama, o empregador deseja se utilizar daquilo que precisa ser destruído. Hunt percebe que não pode confiar em seu empregador e decide, por conta própria, que, se não impedir não só a "concorrência" como quem deveria ser seu aliado, o status quo será severamente afetado - e nada mais será o mesmo...

Nas entrelinhas, examinando as minúcias, dá pra perceber que existe uma mensagem bem clara a respeito do que acontece em Hollywood e como pode ser daqui para frente... Se Cruise e todos os realizadores não conseguirem entregar obras audiovisuais dignas da atenção da audiência, seus empregadores passarão as próximas "missões" (filmes, séries, games etc) para quem domina a inteligência artificial. E se essa "arma" cair nas mãos dos "empregadores", o "mundo" (do audiovisual) como o conhecemos, literalmente, "acaba", para virar outra coisa (se melhor ou pior - só o tempo vai dizer). Basicamente, é como se o filme em si meio que traduzisse todas as reivindicações feitas na chamada "Greve em Hollywood" - mas, lembrando, que a produção desta obra ocorre desde 2020...


A direção de McQuarrie é precisa e entrega o que fãs da franquia querem ver: grandiosas cenas de ação, luxo e glamour em determinados momentos, cenários exóticos em outros e um bom entrosamento entre o elenco principal e coadjuvantes. O destaque dentre as cenas mais energéticas é justamente a perseguição de carros envolvendo um chamoso (e minúsculo) carro modelo "cinquecento": não somente é bem realizada como funciona à narrativa e entrega uma apreensão real pela situação apresentada. Só essa cena já vale o ingresso...

Embora nenhum membro do elenco se destaque em atuação - e a franquia não preza necessariamente por boas atuações -, o vilão interpretado por Esai Morales chega a ser um tanto "robótico" (sem trocadilhos) em suas intenções. Não é algo que estrague a experiência mas causa um certo incômodo... Já a participação de Pom Klementieff não chega a ser gratuita mas poderia ser qualquer atriz menos conhecida, de tão irrelevante que é sua personagem (na verdade, isso acontece com a maioria dos personagens "novatos" deste filme). 


Quanto às questões técnicas, o filme é impecável nesse sentido. A começar pela direção de fotografia comandada por Fraser Taggart (de "John Wick - Um Novo Dia para Matar"): correta mas estilosa, exuberante quando necessária mas que consegue alguns momentos intimistas e até incomuns nesse tipo de filme.

A trilha sonora incidental composta por Lorne Balfe (do recente "Dungeons & Dragons - Honra entre Rebeldes") - aliada à edição comandada por Eddie Hamilton (indicado ao Oscar por seu trabalho em "Top Gun - Maverick" - é funcional e adiciona contrastes interessantes em diversos momentos da trama. O figurino projetado por Jill Taylor (do obscuro "Sete Dias com Marilyn") é prático mas, em momentos de gala, também se destaca positivamente.


"Missão: Impossível - Acerto de Contas (Parte Um)" é aquele mais do mesmo maroto, aquela divertida sensação de andar numa montanha-russa que só bons filmes do gênero conseguem trazer. Para o bem ou para o mal, essa história continua em outro filme. Mas, fica a questão: o que diabos Tom Cruise e sua trupe vão aprontar no próximo exemplar da franquia? É esperar pra ver (no cinema, claro)...



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