Criada e roteirizada por James Gunn, com um elenco original de voz que conta com nomes como Steve Agee, Maria Bakalova, Anya Chalotra, Zoe Chao, Frank Grillo, Sean Gunn, David Harbour, Alan Tudyk, Indira Varma e a vencedora do Oscar Viola Davis, a primeira temporada da série animada "Comando das Criaturas" comete os mesmos erros de toda a trajetória pregressa de seu arquiteto no Universo Cinematográfico DC...


Cão raivoso sem coleira
"Comando das Criaturas" é o primeiro grande projeto do "novo" Universo Cinematográfico DC - ou DCU - e da novíssima DC Studios (da qual James Gunn exerce o cargo de CEO). Como Gunn não consegue fazer nada exatamente original - pode reparar que tudo o que ele dirige parece meio "derivado" de algo existente, desde "Seres Rastejantes" (2006) até, bem, qualquer coisa que fez de lá pra cá -, teve de "modernizar" o conceito de (mais) um obscuro grupo de personagens dos quadrinhos da DC - originalmente criados pelo roteirista J. M. DeMatteis e o desenhista Pat Broderick para a edição 93 da revista Weird War Tales publicada em novembro de 1980 - misturando ao que já havia sido estabelecido pelo próprio Gunn no tenebroso filme "O Esquadrão Suicida" (2021) e a detestável série "Pacificador" (2022), fazendo o chamado "soft reboot" para que a continuidade desse "novo" universo siga a partir do que Gunn já havia prenunciado em seus próprios projetos anteriores (o que, por si só, é bem questionável).

E aí chegamos a "Comando das Criaturas", uma série de origem de personagens. E isso não é apenas modo de dizer. É literalmente isso, uma vez que a história principal nem é lá tão importante assim mas, sim, o passado de cada personagem em cena e como cada um foi considerado, em algum momento da vida, um "monstro". 


Na trama - livremente baseada em diversos personagens da DC -, uma equipe secreta de "monstros" encarcerados pelo governo são recrutados por Amanda Waller a fim de proteger uma princesa num país distante mas tem que enfrentar a bruxa Circe, que também arregimentou um exército. Porém, quando capturada, Circe avisa que nada é o que parece e dá um pequeno vislumbre do sombrio futuro que está por vir...

E se em "O Esquadrão Suicida" tivemos vilões reais tendo de assumir a missão numa tropa secreta do governo, aqui temos seres super-poderosos e que não são considerados "humanos" assumindo o mesmo tipo de missão - num plot bem parecido com o do filme DC dirigido por Gunn - mas que pode ter a ver com o futuro do planeta e o fim de heróis como Superman, Mulher-Maravilha e muitos outros.


Sem exageros: todo personagem parece derivado de qualquer outro que já tenha existido em outra mídia. Dr. Fósforo? Parece a versão de Alan Moore d'O Homem Invisível (mas a versão de "A Liga Extraordinária" - que virou filme e quase virou série) misturado com Dr. Manhattan (de "Watchmen", também de Moore). Frankenstein? Parece aquela versão inteligente do Hulk, só que com tendência stalker. A anfíbia Nina Mazurski lembra uma versão feminina (e anêmica) de Abe Sapien (Hellboy) - até em sua origem...

A Noiva
? Qualquer personagem feminina badass que já se viu por aí (e como seu flashback passa por diversas décadas, deu tempo de mostrar Salsicha fumando a erva maldita nos anos 1970 - ô. piada velha!)... O próprio Rick Flag Sr. parece uma versão supostamente mais madura do falecido filho Rick Flag (de "Esquadrão Suicida" e "O Esquadrão Suicida"). E tem a volta que ninguém pediu de Doninha, que mais lembra a versão do lobisomem da curta série animada anterior do Comando das Criaturas (2014)...


Tudo na trama - tanto a principal quanto as de origens - tem algum paralelo com algo amplamente conhecido, como se o principal objetivo fosse de vender a ideia que os conceitos são bem palatáveis para todos os públicos. O problema é que Gunn disse anteriormente que quem fizesse voz original em série animada também viveria o personagem em live-action quando chegasse a hora. Sendo que a série foi recentemente renovada para uma segunda temporada - o que significa que não haverá tão cedo versão live-action disso...

E aí vem o último episódio da primeira temporada... O que dizer? Além de ser a dissolução do grupo "inicial" e "emburrecer" Amanda Waller (que, aparentemente, não sabe de nada sobre nada nessa história) para que outro personagem tenha o momento de "revelação final" - sem contar, claro, a origem (e morte) de mais um personagem -, encerra porcamente o que começou como uma "ideia torta", daquelas que não teriam a menor chance de dar certo.

(e não há de esquecer que as aparições de alguns personagens da bat-galeria de vilões - como do próprio Homem-Morcego - não servem para nada além de instigar a curiosidade de quem quer que haja algum tipo de peça de quebra-cabeças para o futuro desse novo "universo", como quem planeja "enrolar" a audiência enquanto o espetáculo principal ainda não está pronto para ser exibido)


Exageradamente trágico, sanguinolento, sem sentido e inconclusivo, a primeira temporada de "Comando das Criaturas" é um péssimo começo para o novo Universo Cinematográfico DC, um prato de uma fórmula que já se esgotou e que não estava nem perto de pronto para ser servido... Não perca seu tempo. Como diz um dos personagens, "é nojento". Se essa é a primeira impressão do que vem por aí nos filmes com personagens DC, tenha medo, muito medo, porque a coisa tá feia...





Kal J. Moon deseja sorte a James Gunn. Ele vai precisar...


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