Vencedor de dois prêmios Emmy em 2021 e novamente estrelado pela Jean Smart e Hannah Einbinder, a segunda (e, talvez, última?) temporada do seriado "Hacks" tem tudo para... te fazer dormir com o mais completo tédio. Não, não é piada - e talvez seja esse o problema.


Tentativa e erro
Desde o começo dos anos 2000 para cá, tornou-se hábito entre roteiristas de seriados criarem um grande e explosivo gancho no final de uma temporada para desconstruí-lo totalmente na temporada seguinte com explicações pífias no intuito apenas de garantir audiência suficiente para que o produto fosse renovado, garantindo emprego para centenas de pessoas no ano subsequente. Existem diversos exemplos como "Smallville", "The Walking Dead", dentre outros. Mas a técnica não é novidade, uma vez que vem da era do rádio e também da era de ouro do cinema, quando seriados eram exibidos em capítulos de poucos minutos de duração e o herói sempre se metia numa encrenca que teria de resolver na semana seguinte. E o mesmo ocorre na segunda temporada de "Hacks".

Na trama, a jovem roteirista Ava (Hannah Einbinder) tem uma crise de consciência e conta para sua empregadora - a veterana porém antiquada comediante Deborah Vance (Jean Smart) - que escreveu um e-mail num momento de ódio (e bebedeira) contando para produtores em potencial sobre todos os abusos que Vance havia cometido contra ela (e que eles se inspiraram nessa ideia para criar um seriado cômico explorando a situação). Em retaliação, Vance entra num embate judicial com Ava mas não a demite, pois ainda precisa de seus serviços de roteirista para o show que está testando numa turnê pelos Estados Unidos. Após alguns problemas - envolvendo desde serem expulsas de um cruzeiro de lésbicas até chafurdarem numa caçamba de lixo à procura das cinzas do finado pai de Ava -, surge a ideia de criar um especial de TV onde Deborah Vance finalmente reencontra seu público e seu timing outrora perdido para a comédia.


Essa segunda temporada do seriado criado por Lucia Aniello, Jen Statsky, e Paul W. Downs erra bastante e acerta muito pouco para ainda ser considerado um "must". Quando tenta falar sobre o processo de criação de um texto de humor, há uma fagulha de criatividade que nunca pega fogo completamente, como alguém que deseja ver um espetáculo de fogos de artifícios mas acaba com o estouro de alguns estalinhos e fica por isso mesmo...

Um momento bem específico, quando Deborah Vance descobre exatamente COMO se comunicar com o público que curte sua lavra cômica (os créditos ao som da empoderadora canção "I've Got The Music In Me", de The Kiki Dee Band ressalta bem o momento) - e até mesmo se equilibrando muito bem no tal limite do humor quando brinca sobre aquela doença que não dizemos o nome dentro de casa - a tal fagulha relatada acima desperta a audiência acerca do que possa vir. Mas não dura muito tempo.


Porém, quando temos o encerramento da temporada algo abrupto - mas, provavelmente, decidido por ouvirem todas as críticas à primeira temporada -, tendendo a um provável final, afastando qualquer possibilidade de continuidade no relacionamento entre Ava e Deborah, vemos que a jornada tinha realmente pouquíssimo a oferecer, mesmo com todas as participações especiais (como a de Laurie Metcalff, com uma personagem bem diferente do que estamos acostumados a vê-la interpretando), ou ainda com o retorno do desnecessário elenco coadjuvante, cujos personagens só orbitam em torno do que a dupla protagonista precisa e agindo como se fossem meros elementos para levar a pobre trama adiante - pelo menos, desta feita, temos uma quantidade bem diminuta de tramas paralelas do que na primeira temporada, verdade seja dita...

Tem uma frase muito boa que diz que "sexo é como uma ida ao supermercado: é um monte de empurrões e encontrões e, no fim das contas, a gente sai com muito pouco dali". Bem, pode até ser verdade para algumas pessoas mas temos de considerar que isso só diz respeito a quem está fazendo errado, né? O mesmo pode ser dito da segunda temporada de "Hacks", que dá para comparar a dormir durante o ato sexual e nem se lembrar de quando acabou. É esquecível, não justifica a quantidade de indicações a prêmios e muito menos o desperdício de tempo da audiência pois, você sabe, a vida é curta...




Kal J. Moon não é exigente em demasia, somente aprecia coisas boas - o que, aparentemente, a audiência atual parece nem saber mesmo estando de frente para algo do gênero...



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