Diretores de Vingadores: Guerra Infinita e Ultimato, os Irmãos Russo, se juntam à Ryan Gosling e Chris Evans em filme bacana da Netflix


Em 2020, a Netflix lançou um filme com o astro de Thor: Amor e Trovão, Chris Hemsworth, chamado Resgate. Em minha crítica do longa-metragem, que recebeu uma acima da média (leia neste link), escrevi que "Seguindo a tradição dos filmes de ação de outrora, novo filme de Chris Hemsworth agrada pela violência e escapismo durante a pandemia".

Bem, o mesmo se aplica à nova produção da Netflix, Agente Oculto, uma vez que, ainda estamos em pandemia (use máscara e álcool gel) e também temos escapismo e violência em suas 2 horas de duração. Além disso, o novo filme dos Irmão Russo, segue a tradição dos "filmes de brucutu", gênero cinematográfico não-oficial que andava meio sumido, sustentando-se em produções menores e saudosistas, mas que está cada vez mais presente em grandes produções, especialmente as que são diretamente lançadas via streaming. Foi assim com Guerra do Amanhã, de 2021, da Amazon Prime Video, com Chris Pratt.

Outro paralelo entre estes três filmes, além de terem um Chris dos Vingadores no elenco, é o fato de que as três irão ganhar sequências. A segunda parte de Resgate já tem até trailer divulgado, Guerra do Amanhã teve sequência confirmada pouco de pois de seu lançamento e Agente Oculto irá se tornar uma franquia, com direito à sequência e spinoff.

Parece mesmo que os filmes que nos remetem aos clássicos dos anos 80, estrelados por Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger e Jean Claude Van Damme, estão em voga e serão o mais novo filão a ser explorado por Hollywood. Uma prova disso é o sucesso recente do equivocado e fraco Top Gun: Maverick, com Tom Cruise, único filme a atingir a marca de 1 bilhão de dólares em bilheterias em 2022. Pelo menos até o momento.

Não bastasse Agente Oculto ser violento e exalar um perfume barato oitentista, ainda tem o trunfo de ter como referências os filmes de espionagem, como os estrelados pelos agentes 007 e Jason Bourne.

O filme conta a história de Sierra Seis (Ryan Gosling), um ex-presidiário que faz um acordo irrecusável com a CIA, tornando-se um assassino da agência, do programa Sierra, que só atua em casos difíceis e que envolvem riscos extremos. Porém isto tudo muda, quando Seis descobre que Sierra Quatro, um dos agentes de seu próprio programa, é seu novo alvo. Desde então, Seis começa uma fuga que abalou as estruturas da agência, que fará de tudo para conseguir capturá-lo e obter um item que está em sua posse.

Como deu pra sacar, o roteiro escrito por Joe Russo, Christopher Markus e Stephen McFeely, é bobinho e manjado, mas funciona e não deixa pontas soltas ao final.


Uma das coisas que mais me impressionaram no filme foi a direção de fotografia de Stephen F. Windon. As cenas de ação e perseguição são muito arrojadas, com movimentações de câmera e sequências de tirar o fôlego. Windon é muito experiente e já trabalhou em diversos filmes da franquia Velozes & Furiosos, assim como em G.I. Joe: Retaliação, Sonic: O Filme e Star Trek: Sem Fronteiras. O trabalho é muito dinâmico, com a câmera percorrendo o set para fazer parte da ação, acompanhando os eventos bem de perto. Isso deu um ganho extraordinário às cenas de ação. O uso, nada moderado, de câmeras em drones podem parecer excessivos, de fato, mas mesmo assim, tornam o filme muito frenético. Tudo acontece tão rápido e de forma tão inesperada, que é impossível piscar. Caso pisque, pode ser que perca algo da ação que está sendo exibida em tela.

A edição e montagem também funcionam. O filme tem a assinatura dos Irmãos Russo, com os costumeiros caracteres garrafais que nos localizam durante a ação e a paleta de cores levemente saturada, como as que vimos em Vingadores: Guerra Infinita e Vingadores: Ultimato. Jeff Groth e Pietro Scalia fizeram a edição de Agente Oculto.

A trilha sonora foi composta por Henry Jackman, Kingsman: Serviço Secreto, G.I. Joe: Retaliação, X-Men: Primeira Classe e Capitão Phillips. Além dos temas originais do filme, Jackman brinca, em algumas oportunidades, inserindo menções à trilhas de filmes clássicos, como 007 e Missão Impossível. Aquele tipo de homenagem que faz a gente abrir aquele sorrisão durante a transmissão.

Ryan Gosling é o protagonista do filme e talvez este papel tenha caído como uma luva para o ator. Sierra Seis é um agente secreto, um assassino frio, sem nenhuma empatia e que não demonstra emoções. Uma vez que Gosling não é muito versátil e não passa emoções, não importa o papel (exceto em La La Land, filme no qual ele arrasou), ele acaba convencendo.


Agente Oculto
traz ainda, no elenco, Ana de Armas como Dani Miranda, a parceira de Seis em sua fuga. A dupla funciona muito bem, e em muitos momentos sua dinâmica lembra a do Agente 86 (Don Adams) e a Agente 99 (Barbara Feldon) da clássica série de 1965, Agente 86. A atriz está excelente e eu irei passar a prestar um pouco mais de atenção na carreira dela, que estreia em breve em Blonde, um filme ficcional sobre a vida da estrela de cinema Marilyn Monroe.

Billy Bob Thornton interpreta Fitzroy, o recrutador e treinador de Seis, um agente veterano que está aposentado e que tem uma sobrinha, Claire (Julia Butters), com sérios problemas de saúde. Thornton é muito profissional e entrega um personagem enigmático e durão, apesar de suas condições físicas e sua idade. Ao lado de Chris Evans, Thornton encena uma das cenas mais legais do filme, em um momento que lembra, muito, o diálogo que o Coronel Trautman (Richard Crenna) e o Xerife Teasle (Brian Dennehy), de Rambo: Programado para Matar, tiveram em uma barraca antes dos agentes da lei da cidade de Hope decidirem, para seu azar, caçar o ex-boina verde, veterano da guerra do Vietnã e neurótico de guerra conhecido como John Rambo. Fenomenal.

Falando em Chris Evans, o ator em nada lembra o heroico herói da Marvel, Capitão América, que interpretou em uma série de filmes da Marvel Studios. Com um visual que lembra demais o de Vernon Wells como Bennett em Comando para Matar, Evans está à uma linha de romper o limite entre a seriedade e a galhofa. Funcionou muito bem para este filme.

Quem não funcionou foi o ator Regé-Jean Page como Carmichael. Não consegui comprar a personagem e o ator parecia perdido em cena, não conseguindo interação com o restante do elenco. Jessica Henwick, conhecida por seu papel na série Punho de Ferro da Marvel Studios, interpreta Suzanne Brewer, mas tem pouco tempo de tela e importância na trama.

Agente Oculto tem ainda a participação de Alfre Woodard, Wagner Moura e Dhanush, que contribuem com seu talento para deixar o filme ainda mais interessante.


Agente Oculto
é dirigido por Anthony e Joe Russo e é um filme que tem identidade própria apesar das diversas referências que pipocam por todo o filme. A dupla novamente conseguiu contar uma história interessante e que foi, possivelmente, muito difícil de dirigir. São muitas locações, um elenco grande, um mundo inteiro e novo para apresentar, e uma nova franquia para estabelecer. 

O filme é repleto de efeitos práticos e especiais, além de visuais e tem tudo que o bom e velho fã de filme de brucutu gosta: Tiro, porrada e bomba. Recomendado para aqueles dias em que não se tem nada para fazer e se quer uma diversão barata, sem profundidade e descompromissada. Um barato.



Marlo George assistiu, escreveu e sacou aquela referência ao Exterminador do Futuro e Rambo III. Quem tem uns 45 anos por aí vai sacar também

Em todo o site, deixamos banners de sugestões de compra geek, mas você pode nos ajudar fazendo uma busca através destes links, e deste modo poderemos continuar informando sobre o Universo Nerd sem clickbaits, com fontes confiáveis e mantendo nosso poder nerd maior que 8.000. Afinal, como você, nós do portal Poltrona POP já éramos nerds antes disso ser legal!