Cameron Diaz ficou afastada das telonas desde o filme "Annie" - uma terrível adaptação "moderna" dos quadrinhos de 2014, que foi mal de crítica e pior ainda de bilheteria (e, estranhamente, também era capitaneada por Jamie Foxx no elenco).
Já o ganhador do Oscar pelo filme "Ray" esteve mais ativo nestes últimos dez anos, participou do excelente e subestimado "Clonaram Tyrone!" e do elogiado "O Próprio Enterro" mas, como sofreu um grave problema de saúde, que acabou mantendo-o afastado de seus projetos feitos exclusivamente para a plataforma paga de streaming Netflix. E aí surge, "do neida", o filme "De Volta à Ação", que pretende trazer a dupla de "sumidos" à baila mas agora em meio à tiroteios, explosões e muita, muita falta de entrosamento.
O roteiro de Brendan O'Brien (de coisas indigestas como "Vizinhos" e "A Casa Caiu - Um Cassino na Vizinhança", dentre outras aberrações) é simplista e parece ter sido escrito por alguém que digitou prompts em chats de inteligência artificial, por não ter um só personagem que cause algum tipo de reação na audiência ou uma parte da trama que faça com que o espectador se surpreenda ou, ao menos, curta. Não precisa ser Shakespeare mas custava não ser uma variante do assassino que teve seu cãozinho morto por terroristas russos? E porque uma história como essa não tem melhores momentos de humor?
O elenco está totalmente no piloto automático. Jamie Foxx e Cameron Diaz além de não terem química em cena, fazendo-nos acreditar que até são bons amigos nos bastidores mas nunca que seus personagens são casados há anos. Kyle Chandler (que em breve deve interpretar um Lanterna Verde na série "Lanterns") tenta trazer alguma dignidade a seu personagem mas não tem muito a fazer além de caras e bocas.
Andrew Scott (de "Todos Nós Desconhecidos") está tão apático que mais parece que foi chantageado por alguém - e estranhamente sua personagem tinha uma ótima oportunidade de ser responsável pela principal reviravolta da trama). E o que da atriz OI-TO vezes indicada ao Oscar Glenn Close (do recente "A Libertação")? Operante sim, mas curiosamente, a impressão que se tem é que não filmou com o restante do elenco, uma vez que aparece ao lado deles em apenas duas cenas (se bobear, gravou tudo em menos de uma semana!) - o que pode ser bem verdade, pela quantidade de profissionais envolvidos em diversas cenas com recurso ADR (regravação de cena em que o áudio de fala precisa ser regravado na pós -produção - confira nos longuíssimos créditos no final).
O restante do elenco coadjuvante (McKenna Roberts, Rylan Jackson, Jamie Demetriou e Fola Evans-Akingbola) mal registram, de tão inúteis que são suas personagens.
"De Volta à Ação" é muito derivativo e morno. Acerta de forma razoável como filme de ação mas falha retumbantemente como comédia e espionagem. Com a expectativa nula, pode entreter - mas sem achar a menor graça...
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