Escrito e dirigido por Nicholas Stoller, estrelado por nomes como Will Ferrell, Reese Witherspoon, Jack McBrayer, Geraldine Viswanathan, Stony Blyden, Meredith Hagner, Jimmy Tatro e grande elenco (mesmo), o filme "Casamentos Cruzados" revela-se como uma comédia caótica, cheia de constrangimento mas (vejam só!) ainda abre espaço para falar sobre assuntos sérios e cada vez mais necessários...


Problemas com o papai (e a irmã) da noiva
Quem já teve o (des)prazer de organizar qualquer evento social, sabe a pressão que é para todos os envolvidos - o segredo é ter uma lista do que pode dar errado e o que fazer para solucionar o mais breve possível para que os convidados não percebam. Mas CA-SA-MEN-TOS são o topo da cadeia alimentar dos eventos sociais. Se algo der errado, pode gerar um trauma em muitas pessoas - e arruinar carreiras. E a dramédia "Casamentos Cruzados" tenta trazer um pouco dessa energia quase incontrolável às telinhas, mostrando o quão mesquinhos são os seres humanos - mas também o quão prejudicial é não ser honesto com membros da família.

Na trama, uma mulher - que planeja o casamento perfeito de sua irmã - e o pai de uma jovem noiva descobre que eles estão com reserva dupla de cerimônias em resort numa ilha. Quando ambas as partes decidem partilhar o pequeno local, instaura-se o caos e o desastre está a caminho...


O roteiro de Nicholas Stoller (de boas comédias como "Sim, Senhor" ou "Muppets 2 - Procurados e Amados" - aquela versão de 2014 para os cinemas), à primeira vista, parece uma atualização do clássico "O Pai da Noiva", trazendo à baila problemas modernos como a toxicidade de jovens mulheres que se acham empoderadas - mas que nem sabem direito sobre o que lutam - ou o velho debate entre conservadorismo x liberalismo.

Mas, mesmo que arranque algumas boas risadas em algumas cenas, constrangedoras ou hilárias (uma envolve um crocodilo - com direito à citação à canção de abertura do clássico desenho animado "Wally Gator" - e outra é uma piada recorrente sobre tintura de cabelo), ainda há espaço para debater, de forma breve e sucinta, sobre abandono familiar, a diferença básica entre franqueza e falta de educação, fobias sociais (que não existiam antes da época do celular ou da internet) ou mesmo o fato de que ninguém é bonzinho 100% do tempo.


A direção de Stoller realiza tudo de forma eficaz, tanto nos momentos mais engraçados como nas partes que exigem alguma dramaticidade, tudo com bastante equilíbrio, gerando algo bem agradável de se assistir.

O elenco está bem e o roteiro ainda conseguiu dar destaque aos quatro protagonistas mas também gera cenas em que cada um tenha uma ou mais falas, com uma pequena visibilidade. Will Ferrell (de "Quiz Lady") e Reese Witherspoon (da série "The Morning Show" e do filme "Na Sua Casa ou na Minha?") estão mais corretos do que o que o público está acostumado mas dão conta do recado dos momentos de "comédia física" - até porque esse filme começa como uma "comédia de erros" mas encerra como uma "comédia romântica" (e essa mudança de sub-gênero funciona da metade para o final por conta do elenco). 


E tem, claro, Jack McBrayer (do recente "A Batalha do Biscoito Pop-Tart" e velho coadjuvante dos filmes de Ferrell), que sempre rouba a cena como o personagem que ele costumeiramente interpreta: aquele cara que não entende bem do assunto mas tenta agradar com um simpático sorriso. A tal piada sobre tintura de cabelo só funciona bem por conta de suas reações...

Também merece reconhecimento a trilha sonora composta por Michael Andrews (de "Donnie Darko" e do recente "Dezesseis Facadas") - preste atenção numa canção irritante (e hilária!) interpretada apenas por um coral, cantando sílabas (de forma bem "zoada") que normalmente não se usam em músicas clássicas -, que ambienta bem o clima de rivalidade e problemas que aparecerão desde o primeiro instante. O figurino de Kathleen Felix-Hager (da série "Hacks") compõe bem o que as personagens são: convidados de um casamento mais discreto e conservador ao lado de convidados de um casamento mais "bagaceiro" e festeiro.


Já a direção de fotografia de John Guleserian (do excelente "Questão de Tempo") deve ter passado um dobrado... Para quem não sabe, uma boa fotografia geralmente sabe o que fazer com a luz para compor uma imagem. E existe uma cena em que precisava captar um pôr-do-sol (que, provavelmente, teve bastante preparação e não deve ter sido filmado em apenas um dia). 

"Casamentos Cruzados" funciona como entretenimento e alguma reflexão sobre como os tempos modernos nos obrigam a realizar tarefas que nem mesmo queríamos somente para agradar a sociedade - ou nos fazer pensar que nem sempre o que achamos das pessoas é o que de fato as pessoas são. Uma boa opção de diversão com menos de duas horas de duração. Não é nada demais, não vai concorrer a prêmios mas que venham mais filmes assim...


(Atenção: tem cena extra durante os créditos - o filme termina de fato ali -, além de um longo clipe com o elenco cantando uma canção que é a segunda piada recorrente do filme)




Kal J. Moon não tem barriga tanquinho, não se considera macho acompanhado de qualquer letra do alfabeto grego e não vai cair nessa história de casamento (de novo!)...

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