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CRÍTICA [CINEMA] | "Amor Bandido" (2025), por Kal J. Moon

Dirigido por Jonathan Eusebio, estrelado pelos vencedores do Oscar Ke Huy Quan & Ariana DeBose, além de nomes como Daniel Wu, Mustafa Shakir, Lio Tipton e participação especial de Sean Astin, o filme "Amor Bandido" atira para todos os lados no quesito "referência" mas não alcança um mínimo de relevância, mesmo junto ao público afeito à porradaria franca...


Batendo no vento
Depois que a franquia "John Wick" tornou-se um fenômeno de bilheteria, todo coordenador de dublê foi elevado à diretor iniciante e recebe um roteiro mequetrefe para criar seu próprio genérico de Baba Yaga - e, na grande maioria das vezes, sem o mesmo sucesso. Com o filme "Amor Bandido", não é diferente.

Na trama, o pacato Marvin Gable é um corretor de imóveis que trabalha tranquilamente nos subúrbios de Milwaukee (EUA), até que recebe um envelope vermelho de Rose, sua ex-parceira de crime que ele havia deixado para trás... para morrer - e ela não está muito feliz. Agora, ele é forçado a voltar para um mundo de assassinos implacáveis, traições e traidores. Para piorar a situação, seu irmão Knuckles é um perigoso senhor do crime e também está em seu encalço, fazendo com que Marvin confronte as escolhas que o assombram e parte da sua história que ele nunca deixou para trás de verdade.


O roteiro do trio Matthew Murray (egresso de obscuros documentários!), Josh Stoddard (da cultuada série "Warrior") e Luke Passmore (de "Teen Wolf") é algo que não funciona como pretexto para aquela trocação sincera de socos, tapas e pontapés que tanto alivia a quem precisa apenas assistir uma obra audiovisual descompromissada a fim de zerar o cérebro. O principal motivo: ninguém se importa com esses personagens...

(Curiosamente, o nome do protagonista parece uma mistura de Marvin Gaye e Clark Gable - ou ainda um trocadilho em inglês como "Marvin Gaye Capaz", meio que um cara romântico mas que consegue resolver um problema, com um passado misterioso como a maioria dos personagens interpretados pelo Gable original)


Ver o estreante Jonathan Eusebio (que foi diretor de segunda unidade em filmes de sucesso como "Velozes e Furiosos 8" e "Deadpool 2") é perceber que ele tenta fazer tudo o que ele gostaria que estivesse em um filme. Mas tudo mesmo - só que sem alguma coerência entre os elementos. Ainda que ele também entenda coreografias de luta e coordenação de dublês (assumiu essa função no recente "O Dublê"), faltou um "ajuste fino" para que tudo isso combinado servisse corretamente à narrativa e não fosse apenas uma sucessão de socos e pontapés sem sentido.

Além disso, vale ressaltar, faltou um cuidado maior em relação a guiar o elenco ao tom adequado do filme - que não se leva a sério a princípio mas, em outros, parece intensamente frágil, trágico e desolador, fazendo com que atores e atrizes pareçam bem perdidos quando dizem suas constrangedoras falas...


É bem estranho ver bons atores como Ke Huy Quan (ganhador do Oscar por "Tudo Em Todo O Lugar Ao Mesmo Tempo") & Ariana DeBose (vencedora do Oscar pelo recente remake de "Amor, Sublime Amor" - e também participou do complicado "Kraven - O Caçador") proferindo bobagens enquanto se esquivam e tentam parecer compenetrados diante de situações de violência extrema e outras que deveriam gerar alguma risada mas humor não é o forte desse roteiro... O elenco é até esforçado mas o roteiro não ajuda.

Salva-se a interação entre Marshawn Lynch (atleta de futebol americano e que já participou como ator em séries como "Westworld" e "Brooklyn Nine-Nine") e André Eriksen (do recente filme "Noite Infeliz") -  que interpretam dois capangas do vilão e seguem numa longa e recorrente conversa sobre um problema de relacionamento amoroso de um deles - e a sempre bem-vinda presença de Mustafa Shakir (que, azarado, coitado, consegue sempre ser a melhor coisa de obras audiovisuais mequetrefes como as séries "Luke Cage" e "Cowboy Bebop"), interpretando um capanga que escreve poesias nas horas vagas (e se chama, adequadamente, de "Corvo" - uma clara referência à obra de H.P. Lovecraft). O personagem interpretado por Shakir, por si só, poderia facilmente render um spin-off sobre seu passado e como se envolveu no mundo do crime...


E o que dizer da performance de Daniel Wu (da recente série "A Jornada de Jin Wang") como um vilão viciado em tomar uma bebida com bolinhas de chocolate? Não é engraçado nem amedrontador... O único do elenco que se salva é o veterano Sean Astin (que dividiu tela com Quan em "Os Goonies" e, claro, personificou Samwise Gamgee na trilogia "O Senhor dos Anéis" - cuja performance lhe rendeu uma indicação ao Oscar), compondo um personagem bem crível - nada digno de premiação, mas também não faz feio.

A coreografia de luta  - coordenada por Phong Giang (de " Jogos Vorazes - A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes") - presta diversas homenagens ao cinema de luta marcial, baseando movimentos em lendárias figuras como Jackie Chan, por exemplo (ao usar elementos do cenário como "arma" - além de tentar extrair algum humor como consequência de algumas finalizações). Porém, infelizmente, tudo soa meio "coreografado demais" e não muito "plástico" - exceto por uma cena específica, protagonizada pelo já citado Mustafa Shakir, tecnicamente perfeita e linda de se ver (aquela "porrada bonita" estancando).


E um adendo final: a filial brasileira da distribuidora Universal Pictures não divulgou a data de estreia desse filme em nenhum material de promoção: nem em cartazes, trailers ou mesmo nos curtos vídeos em redes sociais - o que faz com que o público nem faça ideia de quando esse filme chega aos cinemas. A data só aparece, de fato, no site oficial da distribuidora. É um dos casos mais relapsos de marketing realizado por essas bandas...

(alíás, que título infeliz esse adotado em território nacional, hein?)

Infelizmente, "Amor Bandido" não alcança êxito como comédia (romântica ou não), filme de ação ou de luta. É como um sparring socando um saco de pancada vazio. Tenta ser "diferentão" - como o bacana "Trem-Bala", por exemplo - mas acaba sendo um "mais do mesmo" bem irrelevante. Pena.




Kal J. Moon não entende porque a canção "Love Hurts" (da banda Nazareth) não está na trilha sonora desse filme...

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