Dirigido por Jaume Collet-Serra, estrelado por Danielle Deadwyler, Okwui Okpokwasili, Russell Hornsby, Peyton Jackson e Estella Kahiha, "A Mulher no Jardim" é o perfeito exemplo de que uma boa história de terror não precisa de muito para assustar. Basta, simplesmente, se voltar para o mais humano dos sentimentos...
O ser humano é um animal gregário por natureza, que não sabe ficar sozinho e prefere a companhia de outrem para realizar tarefas ou conviver do que, simplesmente, existir à margem das convenções sociais. E quando uma perda abrupta acontece - o inevitável fim da existência de um ente querido -, nosso cérebro precisa se adaptar à falta daquilo que significava um preenchimento à rotina diária. A forma como se lida com esses novos sentimentos é a tônica central de "A Mulher no Jardim".
Na trama, uma misteriosa mulher vestida com um véu preto aparece repetidamente no jardim da frente da casa de uma família, dizendo mensagens perturbadoras e deixando os residentes questionando sua identidade, motivação e o potencial perigo que pode representar.
O que o roteiro original escrito por Sam Stefanak (de séries como "Tudo Junto Misturado" e "F Is For Family", em sua estreia no cinema) propõe é um estudo abrangente porém mais fácil de entender sobre o que acontece a uma pessoa sofrendo de depressão, mas sem cair em armadilhas narrativas e humanizando cada ação em cena com o auxílio do elemento fantástico (ou fantasmagórico) para que a trama siga adiante, primeiro causando estranheza e curiosidade e, aos poucos, adicionando peças-chave para a montagem do "quebra-cabeças" final - basicamente, é como se alguém contasse uma parábola sobre o que significa passar por um período de depressão mas sem tirar conclusões apressadas ou julgamentos. É minucioso mas não despreza o entretenimento puro e simples.
Atrelado a isso, há também a grafia "errada" da letra "R", aparecendo em diferentes cenas escrita ao contrário - e isso tem a ver com a forma como as pessoas contam suas próprias histórias, se reverberando no desenlace da trama...
A direção de Jaume Collet-Serra (de "A Órfã" e o recente "Bagagem de Risco") é precisa, extraindo de seu diminuto elenco o necessário para entregar uma boa performance. Talvez por conta disso mesmo, não há nenhuma atuação ruim ou mediana pois todo mundo em cena está comprometido com o resultado.
A direção de fotografia comandada por Pawel Pogorzelski (de "Hereditário" e "Beau Tem Medo") é precisa pois precisa contar essa história visualmente num ambiente solar que vai perdendo a luz do sol aos poucos - e, ainda por cima, manter a coerência narrativa com o passar das horas na trama. Talvez o único deslize real sejam nas cenas gravadas no cenário do sótão, em que a iluminação era precária e não fotografa tão bem quanto deveria. Ainda que a história pedisse por iluminação mais natural (no caso, de uma lanterna), o resultado é menos do que satisfatório.
"A Mulher no Jardim" é o conjunto de acertadas decisões, tratando temas delicados como luto, depressão e ideação suicida sem espetacularização ou desdém, demonstrando não somente respeito e dedicação à coerência narrativa como à inteligência da audiência (por que choras, "Thunderbolts*"?).
(Se você, que acabou de ler essa crítica, está passando por momentos de depressão, procure ajuda. Entre em contato com o CVV ou procure um profissional médico urgentemente. Eu acredito em você. Pode até demorar, eu sei, mas vai dar tudo certo...)
Em todo o site, deixamos banners de sugestões de compra geek, mas você pode nos ajudar fazendo uma busca através destes links, e deste modo poderemos continuar informando sobre o Universo Nerd sem clickbaits, com fontes confiáveis e mantendo nosso poder nerd maior que 8.000. Afinal, como você, nós do portal Poltrona POP já éramos nerds antes disso ser legal!