Chegamos naquele momento em que refletimos sobre o ano que passou e verificamos o que deu tão errado no cinema de 2017. Alguém tem que levar a culpa por tanta porcaria exibida por aí. Nosso critério de escolha valeu-se de filmes realmente exibidos em 2017, de todos os gêneros - e não somente super produções hollywoodianas.

Elencamos 15 filmes responsáveis pelo que há de pior num ano que ou era muito ruim ou abstraímos e achamos tudo meio ~"nhé" (fale a verdade: você não quer admitir que aquele filme que você viu era essencialmente ruim porque todo mundo tava gostando ao seu lado...). Confira:
15) "Valerian e a Cidade dos Mil Planetas": Esse filme é meio que um resumo de toda e qualquer produção blockbuster de 2017 - visual absurda e excessivamente colorido mas com uma trama que não é desenvolvida a contento. Baseado numa história em quadrinhos, dirigido por um auto-indulgente Luc Besson e estrelado por Dane DeHaan e Cara Delevingne (talvez o casal mais sem química da História do Cinema!), "Valerian" é um filme que até tem seus (poucos) momentos mas não engata, com uma trama que para o tempo todo para explicar coisas desnecessárias como a fauna de um planeta ou como funciona um mecanismo que será usado futuramente. E quando Rihanna - que não é atriz - aparece como a personagem mais interessante de um filme, algo está tremendamente errado...
14) "Ninguém Está Olhando": Mesmo que a proposta fosse essencialmente interessante - mostrar a rotina de quem tenta vencer como ator nos Estados Unidos, mesmo sendo latino-americano - e possuindo um ator muito esforçado no papel (Guillermo Pfening, foto), despido de qualquer vaidade, determinado a mostrar a rotina de um viciado na mais letal droga existente, o filme dirigido por Julia Solomonoff erra ao esticar essa rotina ao extremo, criando um ciclo nada interessante de fato, resolvendo sua trama apenas na penúltima cena, quando a atenção do expectador pode já ter se disperso. Resumindo: "Os personagens não tem nada de especial - mesmo que haja curiosidade em saber como terminará essa dolorosa saga", como diz nossa crítica.
13) "Passageiros": Foi um dos primeiros grandes filmes a estrear em 2017 e possivelmente a primeira grande decepção. Gerou uma certa polêmica por mostrar uma situação bem questionável por parte do personagem interpretado por Chris Pratt - mas, principalmente, em relação à decisão tomada pela personagem de Jennifer Lawrence. Um romance água-com açúcar, com belo visual, mas sem nada que valha a pena após a exibição. "(...) é bem piegas e recheado de clichês", vaticinou Marlo George em sua crítica.
12) "Bingo - O Rei das Manhãs": Primeiro filme brasileiro de nossa lista. Quando o filme dirigido pelo estreante Daniel Rezende - estrelado por Vladimir Brichta e Leandra Leal - foi escolhido para ser representante brasileiro ao Oscar 2018 de Melhor Filme Estrangeiro, muitos acharam estranho, justamente por haver outros filmes premiados no exterior ("Como Nossos Pais" era o favorito) que poderiam ter uma campanha bem melhor se escolhidos. O público compareceu, muitos críticos adoraram - possivelmente naquela intenção de ~"dar uma força" (o que é algo bem errado de se fazer) - mas temos de dizer: o filme não corresponde a essa expectativa toda criada por uma esperta campanha de marketing. Rezende apropriou-se de todos os requisitos técnicos para desenvolver um filme impecável mas colidiu nos maiores problemas que uma produção desse porte: não conseguir emocionar e não contar uma história de forma eficiente do início ao fim. E quando se baseia um filme numa história real, adapta-se o que é interessante e descarta o que não é, certamente assumindo o risco de adaptar algo que seja melhor que o mostrado na vida real. Não é o caso aqui. Vale pelo casal protagonista mas tem mais erros e indulgências do que os acertos que todo mundo alardeou por aí. Em tempo: "Bingo" está fora da disputa do Oscar 2018. Motivo não falta...

10) "Blade Runner 2049": "(...) acima de tudo, é um filme completamente desnecessário", disse nossa crítica. Mas ser desnecessário torna esse filme essencialmente ruim? Não. Mas se a trama de uma continuação não entrega algo digno do original, embromando onde deveria contar uma história, o que justifica seu lançamento? Assista completamente sem sono. Acredite.
09) "Até o Último Homem": Este filme dirigido por Mel Gibson - e estrelado por Andrew Garfield - dificilmente entraria numa lista de piores do ano justamente por ter concorrido ao Oscar 2017 de Melhor Filme (dentre outras categorias). O problema é que o filme funciona muito bem no início, trabalhando com equidade os dramas, mas derrapa feito da metade para o final, sendo incrivelmente proselitista por uma causa, ainda que humanitária, não atingirá a todos por conta da forma que essa história foi contada, sem parcimônia alguma. Marlo George discorda em sua crítica mas avisa: "Gibson mandou seu recado, por mais reprovável que seja, mas possivelmente sairá ileso dessa vez".
07) "Ghost in the Shell": Quando a campanha publicitária batizou esse filme na América Latina de "A Vigilante do Amanhã" - sério candidato a "título nacional mais vergonha alheia de 2017" -, já era de se esperar que, talvez, vá lá, não seria isso tudo que esperávamos. Mas os trailers entregavam um visual tão próximo do cultuado anime e dos mangás, que muitos de nós - eu incluso - abstraímos e simplesmente esperamos o melhor. Que, claro, não veio. E quando um filme usa a primeira fala para explicar o que significa "Ghost in the Shell" de uma forma bem didática, bem, já sabemos o que esperar. A crítica de Marlo George discorda mas aponta que "apesar de não ter deixado a trama inconsistente, essa opção de não abordar o drama psicológico da androide da maneira como deveria tornou o filme menos interessante".
06) "Pequena Grande Vida": Apesar desse filme estrear oficialmente em 2018, já assistimos durante a programação do Festival do Rio em 2017. E mesmo curtindo muito o trabalho do diretor Alexander Payne, não dá pra defender essa pérola do proselitismo ecológico. Com quase intermináveis três horas de duração, o expectador é apresentado, de forma nada sutil, a uma verdadeira aula de como deixar o mundo ~"melhor". Só quem se salva na trama arrastada é justamente a presença cênica de Hong Chau, que rouba cada cena em que aparece (desbancando até mesmo Matt Damon e Christoph Waltz!), tornando o martírio de assistir esse filme um pouco mais leve. Segundo nossa crítica, esse filme "atira para todos os lados mas não acerta o alvo". Pena.
05) "Mulher-Maravilha": Primeiro grande filme inspirado numa super-heroína com orçamento de mais de US$ 100 milhões - e agraciado por estar entre as maiores bilheterias de 2017 -, o filme dirigido por Patty Jenkins trouxe a origem da amada personagem da DC Comics a um público sedento desde sua primeira aparição no polêmico "Batman V Superman". Mas, infelizmente, com um roteiro extremamente burocrático, apelando apenas para o carisma das personagens - queríamos mais Ilha Paraíso (ou Themyscera) e menos Inglaterra - e muito romance, além de piadas bem bobocas, foi uma das grandes decepções de um ano bem complicado para o cinema de entretenimento de massa. Mas sejamos sinceros: quando um filme é terminantemente mexido em seu roteiro por conta do curioso sucesso de bilheteria de "Esquadrão Suicida" - que muitos podem não gostar mas foi um filme estranhamente lucrativo - e ainda tem muitas cenas de ação co-dirigidas (e co-escritas!) por Zack Snyder, dá pra se questionar a competência dos envolvidos na produção. Segundo nossa crítica, o roteiro "é deveras mal construído, cheio de incongruências e com frases que fariam corar até o mais novato dos roteiristas". Infelizmente, isso é indiscutível. Aqui na redação todos torciam pelo filme. E todos, sem exceção, se decepcionaram...
04) "Toni Erdmann": Esse filme alemão ganhou uma notoriedade tamanha por conta de sua indicação ao Oscar 2017 de Melhor Filme Estrangeiro. E também pelo fato de ter despertado o interessse de Jack Nicholson, que anunciou deixar sua aposentadoria para fazer um remake norteamericano desta ~"dramédia" (for falta de expressão melhor) ao lado de Kirsten Wiig - se o remake será realmente produzido, isso já é uma outra história. O fato é que esse filme não prima por grandes atuações, por um roteiro que faça rir ou que gere reflexão - talvez um grande desconforto mas ir ao dentista também e ninguém ganha um prêmio por isso - muito menos quaisquer predicados que leve o expectador a continuar a assistir esse verdadeiro massacre da arte dramática (se não acredite, espere pela cena da "festa nua" e entenda o que quero dizer). "Mas aí é que reside aquele sentimento de estar assistindo uma piada interna, que deve ser realmente bem engraçada. Porém, se você não sabe o contexto, não tem como rir", definiu nossa crítica.


01) "Motorrad": Outro filme que estreia oficialmente em 2018 - mas que também assistimos no Festival do Rio em 2017. E, infelizmente, o primeiro lugar de nossa lista vai para um filme brasileiro. Talvez um dos piores e mais mal produzidos em muito tempo. O fato de ser um filme de terror não tem nada a ver com sua falta de qualidade. O verdadeiro problema de "Motorrad" é beber numa cartilha se utilizando de cada mandamento de um filme de gênero sem entregar nada que seja virtualmente digno das melhores produções já realizadas. Espanta-se que o diretor Vicente Amorim tenha criado um filme que mais parece ter sido feito por amadores - cercados por um péssimo elenco, com um roteiro óbvio e praticamente inexistente - munidos de equipamentos profissionais. Uma pena que uma história com personagens criados pelo quadrinhista Danilo Beyruth tenha resultado em algo que não deixará sua marca de forma positiva com o tempo. Ou, como disse nossa crítica, "parte do charme acaba se perdendo por conta de algumas cenas mal construídas".
Para ficar completa nossa lista, chamamos os outros críticos da Equipe Poltrona POP para dar seu parecer de pior produção do ano de 2017:
- Marlo George: "Guardiões da Galáxia Vol. 2. Repetição de fórmula, com a Marvel errando novamente. E descartando personagens sem uma justificativa melhor";
- Jorge Caffé: "Valerian e a Cidade dos Mil Planetas. Possui elenco sem carisma algum";
- Andreas Cesar: "'Liga da Justiça'. Roteiro fraco, Vilão mal explorado e com visual que lembra demais Ares (de 'Mulher Maravilha'). Falta de background para os novos heróis, especialmente Ciborgue. E não diverte, além de ser muito inferior a 'Batman V Superman', não se baseando em HQs como o anterior".
>>> E não se esqueça: clique AQUI para saber quais foram os MELHORES filmes de 2017 segundo a opinião da Equipe Poltrona POP, que entende de cinema como ninguém...
Kal J. Moon deseja que 2018 ofereça filmes bem melhores, dignos de prêmios, apreciação ou a mais pura diversão...